quarta-feira, 20 de maio de 2009

Socorro educação!!

-Fica “pianinho” professor! Tô saindo...
-Onde você está indo?!
-Vô no banheiro. Fica de boa "primo", já volto!!
- Professora, quem é o aluno de boné azul que...
-Não mexe com ele! Deixa. Só está aqui por causa de um mandato judicial. Ele esteve preso junto com o pai por tráfico de drogas , mas como é “de menor”, com 45 dias foi solto. O pai continua preso.
- Como posso dar aula com esta situação em sala de aula?
-Não se preocupe, é até melhor quando eles estão fora da sala.

Parece uma daquelas histórias que ouvimos ou que lemos nos livros da faculdade. Escolas de periferia dominadas por gangues e alunos perigosos que fazem o que querem. Também pensaria dessa forma se não acontecesse comigo. Mas, infelizmente, esta é a realidade dos professores na periferia.
Como contornar esta situação? Ninguém sabe. A coordenadora pedagógica assim me respondeu quando fiz essa pergunta a ela: É só na bala! E com a polícia. Não tem outra solução.
Existe uma divergência bem grande entre o mundo acadêmico (como eles pensam o cotidiano da escola) e a prática (como a escola é na realidade). De certa forma, os profissionais da educação não recebem 'treinamento' suficiente para lidar com estas situações do cotidiano de sala de aula, a guerra do ensino, principalmente, na periferia.
Mas, qual seria a solução? Quanto a isso, todos os dias reflito sobre como conseguir o respeito desses alunos sem confrontá-los garantindo a minha integridade e o bom andamento da aula.
Meus pais me alertam: Não vale a pena “bater de frente”, você se arrisca muito!
A faculdade ensina: Você precisa de estratégias para conseguir a atenção e ganhar o respeito deles!
O juiz de menores: Eles precisam estar na escola para receber educação! A criminalidade é um problema social que pode ser resolvido na escola.
Os jornais: Mais um professor é agredido por alunos...
O que fazer? Pergunto aos senhores leitores. Essas questões precisam ser melhor discutidas pelos nossos representantes.
A escola pede atenção. O ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) precisa ser repensado. A educação pede socorro.

terça-feira, 12 de maio de 2009