sexta-feira, 30 de maio de 2008

O Mundo de olho na Amazônia

Nos últimos anos, o Brasil tem sido alvo de diversos ataques de jornais e de organizações de todo mundo. As críticas recaem, principalmente, sobre a política ambiental brasileira, com ferrenhas acusações de irresponsabilidade e impotência para cuidar da maior floresta tropical do mundo. É indiscutível a importância da Amazônia e toda a sua incomensurável biodiversidade para o futuro do planeta. Entretanto, a ineficiência da política brasileira preocupa a todos: ambientalistas e a sociedade preocupada com o futuro da maior floresta tropical do mundo.

Uma onda de invasão estrangeira, que tem sido noticiada com freqüência nos órgãos de imprensa nacional. As ONGs internacionais em terras amazônicas preocupam o poder público pelo fato de colocar em risco a soberania nacional. São centenas, principalmente americanas e européias instaladas em território amazônico sobre a alegação de trabalharem em prol dos índios e da defesa do meio ambiente.

Um exemplo dessas ONGs é a Coll Earth, com sede em Londres, que é alvo de investigações da Agência Brasileira de Investigação (ABIN). O empresário e fundador da organização, Johan Eliasch, sugeriu em algumas palestras para empresários, realizadas em 2006 e 2007, que comprassem a Amazônia pela bagatela de 50 bilhões de dólares.

Há algumas décadas a Amazônia brasileira é fruto da cobiça de outros países. A título de exemplo, em 1989, o então senador americano Al Gore, depois vice-presidente e ganhador do prêmio Nobel da Paz em 2007, comentou que 'ao contrário do que pensam os brasileiros a Amazônia não é sua propriedade, mas pertence a todos nós.' No mesmo ano da declaração de Gore, François Mitterrand, presidente da França, declarou que o Brasil deveria aceitar uma soberania relativa sobre a Amazônia. Recentemente, o jornal New York Times publicou uma reportagem intitulada: "Afinal, de quem é esta floresta tropical?".

Não se pasmem. Em tempos em que discussões sobre políticas ambientais são prioridades nos debates internacionais, comentários ou insinuações como essas não serão poucas. Com a divulgação do perigo aquecimento global pelo Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC), as pressões sobre a internacionalização da Amazônia, com respaldo na irresponsabilidade brasileira em administrar a floresta, somente tendem a aumentar se o descaso do poder público insistir em manter a política ambiental em segunda ordem no governo.

Apesar de a internacionalização da Amazônia, bem como sua ocupação e administração por instituições estrangeiras, para muitos não passar de apenas uma ameaça, não podemos descartar essa possibilidade. A Amazônia é a maior floresta preservada do mundo, com mais de cinco milhões de km2, onde vivem, aproximadamente, 25% das espécies animais e vegetais da terra. Desta maneira, organismos internacionais, principalmente, da União Européia e dos EUA, também, além do poder econômico, querem o poder político sobre o verde. Objeto de cobiça em tempos de apreensão com o futuro do planeta.

As notícias sobre as mudanças climáticas colocaram em pauta novos valores para as questões ambientais, que passaram a ser vistas, também, pela ótica econômica. Isso explicaria, por exemplo, a preocupação de países como os EUA na preservação do meio ambiente. Essa inquietação é respaldada no princípio de manutenção das altas taxas emissão de CO2 na atmosfera, resultantes dos altos níveis de industrialização de países desenvolvidos.

Ideais como o da internacionalização da floresta amazônica ganham cada vez mais adeptos, influenciados pela impossibilidade do governo federal gerenciar a floresta e, também, pelos alarmantes problemas ambientais anunciados exaustivamente pela imprensa em todo o mundo. E como o governo tem reagido às ameaças internacionais? Indiferente. Às vezes, aparentemente, incomodado. Outras, firme em seu discurso de resposta, porém, pouco ativo em suas políticas.

A resposta às ameaças de internacionalização e a invasão estrangeira à Amazônia deve ser a adoção de políticas mais sérias a questão ambiental. Fazer do meio ambiente prioridade é uma questão de preservar a soberania nacional e respeito à natureza. Isso é um resultado e, não uma política. Somente assim será possível afastar o 'fantasma' da internacionalização da floresta e garantir a preservação da biodiversidade as futuras gerações.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Reflita

"Vivemos num tempo atónito que ao debruçar-se sobre si próprio descobre que os seus pés são um cruzamento de sombras, sombras que vêm do passado que ora pensamos já não sermos, ora pensamos não termos deixado ainda de ser, sombras que vêm do futuro que ora pensamos já sermos, ora pensamos nunca virmos a ser."
(BOAVENTURA DE SOUZA SANTOS)

quinta-feira, 1 de maio de 2008

A história do cinema em Londrina

Por Geofrei Dias

Para tratar da história em Londrina, é inevitável não lembrarmos dos irmãos Louis e Auguste Lumière. Toda a história de qualquer da cinematografia originou-se, ainda no século XIX, com os irmãos e rapidamente, como dizem por aí, “como um rastilho de pólvora se espalhou pelo mundo”.

É claro que Londrina ainda não existia naqueles tempos, mas não tardou para que assim que os primeiros pioneiros desembarcassem em terras norte-paraenses para que surgisse o primeiro cinema em nossa cidade, antes mesmo da fundação oficial do município, que só viria a acontecer no ano seguinte, em 10 de dezembro de 1934.

Entretanto, um dos mais importantes cines da história de nossa cidade surgiu somente em 1952. Tratava-se do imponente Cine Ouro Verde, também pudera, a cidade de apenas 18 anos de idade recebia uma luxuosa construção regrada a poltronas reclináveis, som e projeção de inigualável qualidade, pisos em mármore, além de moderníssima arquitetura escondida à sete chaves até a inauguração do “palácio” que ofuscava até mesmo outras salas da cidade.

O shopping Com-Tour aparece pela primeira vez na história do cinema de Londrina em 1973. O Studio Com-Tour foi um espaço muito freqüentado pelos londrinenses deslumbrados com o luxo da construção, a arquitetura inovadora e a comodidade de oferecer “fumoir”, nome luxuoso – assim como o cine -, para que os cinéfilos não deixassem de fumar enquanto assistiam aos filmes.

Pelo Com-Tour passaram desde grandes filmes de arte à filmes pornográficos, nos momentos em que o cine agonizava, fortemente ferido pela onda de multiplexes e videocassetes que declaram seu fim em 1991.

Todavia, em 2005 o Com-Tour volta a exibir filmes após uma parceria com a UEL. Batizado como Cine Com-Tour/UEL, atualmente o cine exibe filmes alternativos para um parco número de pessoas. O cinema surgiu para ocupar o espaço deixado pelo Cine Ouro Verde incapacitado de exibir filmes desde 2002.

O Cine Com-Tour/UEL herdou do Ouro Verde o projetor Simple XL da década de 50, considerado um dos melhores do mundo e que, a poucos tempos, deu sinais de esgotamento “deixando na mão” um produtor londrinense que lançava seu curta utilizando-se do espaço do cinema.

Problema resolvido, projetor a todo vapor, o cinema exibe diariamente filmes aos poucos e ‘religiosos’ cinéfilos que comparecem ao cinema para assistir às sessões de filmes alternativos.

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Texto escrito para o jornal laboratório do curso de jornalismo da UNOPAR.

Cine Com-Tour

♪♫ Is there anybody going to listen to my story / All about the girl who came to stay? ♪♫

Por Geofrei Dias

Com um cantar suave declamava ironicamente Jude as poucas pessoas que àquela sessão de filme compareceu. Na tela, “Across The Universe”. Nem as belas letras e as memoráveis canções do quarteto de Liverpool foram capazes de lotar aquele lugar. Será que as pessoas não gostam de um bom filme? Ou será que as novas modinhas fizeram todos esquecer a boa música?

Assim mais uma sessão começa. Ao som nostálgico dos Beatles, e a projeção de inigualável qualidade de uma Simple XL, dos anos 50, que dá um toque mágico ao lugar. Sentimento, somente, que talvez, as poucas pessoas que ocupam aquela imensa sala podem sentir.

Se algum dia, ao andar por aí, e inadvertidamente, encontrar uma lâmpada onde um gênio possa surgir e conceder um desejo, não hesite em pedir um lugar entre os imortais quadros que enfeitam o saguão.

Mozart, Tchaikovski, Beethoven, Johann Sebastian Bach, parecem observar e admirar os poucos que se aventurem em terras tão pouco exploradas pelos londrinenses. Os retratos dos exponenciais músicos anunciam o teor cultural daquele ambiente, fazendo com que todos recordem quão majestosa pode ser a arte.

Heróicos, assim podemos chamar aqueles que conseguem a proeza de reunir mais de que uma dúzia de pessoas em tão grandes metros quadrados que compõem aquele cenário. Para isso somente as canções de Elis Regina, na voz de uma artista local, foram capazes que alcançar tamanha façanha.

Mal sabem todos que lá está um pedaço da história de Londrina. Talvez, os cinéfilos desconheçam o fato de estarem diante do antigo projetor do Cine Teatro Ouro Verde. Aquele mesmo que marcou época, sendo considerado na década de 50, um dos mais luxuosos da América Latina, e que agora cede um pedaço de sua história ao Cine Comtour/UEL.

Neste lugar, não existe luxo, produções Hollywoodianas ou qualquer outro tipo de artifício que chame atenção da grande massa. Todavia, o lugar parece encantar a todos que dele experimentam.

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Texto escrito para o jornal laboratório do curso de jornalismo da UNOPAR.